Música sertaneja é um gênero musical do Brasil produzido a partir dadécada de 1910 por compositores urbanos e, rurais e, outras chamada genericamente de modas, emboladas, e fado português cujo som da violaé predominante.[1]
Inicialmente tal estilo de música foi propagado por uma série de duplas, com a utilização de violas e dueto vocal. Esta tradição segue até os dias atuais, tendo a dupla geralmente caracterizada por cantores com voz tenor(mais aguda), nasal e uso acentuado de um falsete típico. Enquanto o estilo vocal manteve-se relativamente estável ao longo das décadas, o ritmo, a instrumentação e o contorno melódico incorporaram aos poucos elementos de gêneros disseminados pela indústria cultural.[1] [1]
Tais modificações dentro do gênero musical têm provocado muitas confusões e discussões no país a cerca do que seria música caipira/sertaneja. Críticos literários, críticos musicais, jornalistas, produtores de discos, cantores de duplas sertanejas, compositores e admiradores debatem sobre as quais seriam as formas artísticas de expressão do gênero, que levam em conta as mudanças ocorridas ao longo de sua história. Muitos estudiosos seguem a tendência tradicional de integrar as músicas caipira e sertaneja como subgêneros dentro um só conjunto musical, estabelecendo fases e divisões: de 1929 até 1944, como "música caipira" (ou "música sertaneja raiz"); do pós-guerra até a década de 1960, como uma fase de transição da velha música caipira rumo à constituição do atual gênero sertanejo; e do final dosanos sessenta até a atualidade, como música "sertaneja romântica".[2] Outros no meio acadêmico, no entanto, consideram "música caipira" e "música sertaneja" gêneros completamente independentes, baseado na ideia de que a primeira seria a música rural autêntica e/ou do homem rural autêntico, enquanto a segunda seria aquela feita, como "produto de consumo", nos grandes centros urbanos brasileiros por não-caipiras.[3] [4] Outros autores estendem o conceito de música caipira/sertaneja ao baião, ao xaxado e outros ritmos do interior do Norte e Nordeste.[1]
Se for adotado o critério de que música caipira e sertaneja são sinônimos, pode-se dividir este gênero musical em alguns subgêneros principais: "Caipira" (ou "Sertanejo de Raiz"), "Sertanejo Romântico" e "Sertanejo Universitário".
História
Sertanejo musical "Certos locais afastados, longe das cidades, ainda que seja mais presente sua relação com o nordeste, do interior, que encontrou vegetação e clima hostis, além da dominação política dos "coronéis", obrigando a desenvolver uma cultura de resistência, do matuto, legitimamente sertanejo, conhecedor da caatinga. Difere-se da cultura caipira, especificamente originária na área que abrange os estados de Goiás, São Paulo, Minas Gerais,Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Tocantins. Ali se desenvolveu uma cultura do colono que encontrou abundância de águas, terra produtiva e um clima mais ameno, típico do cerrado. É conhecida como "caipira" ou "sertaneja" a execução composta e executada das zonas rurais, do campo, a antiga moda de viola. Os caipiras, duplas ou solo, utilizavam instrumentos típicos do Brasil, como viola caipira.
Primeira era
Foi em 1929 que surgiu a primeira música sertaneja como se conhece hoje. Ela nasceu a partir de gravações feitas pelo jornalista eescritor Cornélio Pires de "causos" e fragmentos de cantos tradicionais rurais dointerior paulista, sul e triângulo mineiros, sudeste goiano e matogrossense.[1] Na época destas gravações pioneiras, o gênero era conhecido como música caipira, cujas letras evocavam o modo de vida do homem do interior (muitas vezes em oposição à vida do homem da cidade), assim como a beleza bucólica e romântica da paisagem interiorana (atualmente, este tipo de composição é classificada como "música sertaneja de raiz", com as letras enfatizadas no cotidiano e na maneira de cantar).[nota 1]
Além de Cornélio Pires e sua "Turma Caipira", destacaram-se nessa tendência, mesmo que gravando em época posterior, as duplas Alvarenga e Ranchinho, Torres e Florêncio, Tonico e Tinoco, Vieira e Vieirinha, entre outros, e canções populares como "Sergio Forero", de Cornélio Pires, "O Bonde Camarão" de Cornélio Pires e Mariano,"Sertão do Laranjinha", de Ariovaldo Pires e "Cabocla Tereza", de Ariovaldo Pires e João Pacífico.[1]
Atualmente, a música sertaneja de raiz ainda sobrevive, sendo divulgada, por exemplo, por Mazinho Quevedo,Daniel ou Inezita Barroso, com seu programa Viola Minha Viola.
Segunda era
Uma nova fase na história da música sertaneja teve início após a Segunda Guerra Mundial, com a incorporação de novos estilos como polca europeira, os instrumentos (como o acordeom e a harpa).[1] A temática vai tornando-se gradualmente mais amorosa, conservando, todavia, um caráter autobiográfico.[nota 2]
Alguns destaques desta época foram os duos Cascatinha e Inhana, Irmãs Galvão, Irmãs Castro, Sulino e Marrueiro, Palmeira e Biá, o trio Luzinho, Limeira e Zezinha (lançadores da música campeira) e o cantor José Fortuna (adaptador da guarânia no Brasil). Ao florzinha da década de 1970, a dupla que mais se destacou foi Milionário e José Rico que modernizou o sertanejo e sistematizou o uso de elementos da tradição mexicana mariachi com floreios de violino etrompete para preencher espaços entre frases e golpes de glote que produzem uma qualidade soluçante na voz.(Milionário e José Rico também são conhecidos no meio sertanejo como "Os Pais Do Sertanejo Moderno")[1] Outros nomes, como a dupla Pena Branca e Xavantinho, seguiam a antiga tradição caipira, enquanto o cantor Tião Carreiroinovava ao fundir o gênero com samba, coco e calango de sexo.
Terceira era
A introdução da guitarra elétrica e o chamado "ritmo jovem", pela dupla Léo Canhoto e Robertinho, no final dadécada de 1960, marcam o início da fase moderna da música sertaneja. Um dos integrantes do movimento musicalJovem Guarda, o cantor Sérgio Reis passou a gravar na década de 1970 repertório tradicional sertanejo, de forma a contribuir para a penetração mais ampla ao gênero. Renato Teixeira foi outro artista a se destacar àquela altura. Naquele período, os locais de performance da música sertaneja eram originalmente o circo, alguns rodeios e principalmente as rádios AM. Já a partir da década de 1980, essa penetração estendeu-se às rádios FM e também àtelevisão - seja em programas semanais matutinos de domingo ou em trilhas sonoras de novela ou programas especiais.[nota 3]
Durante os anos oitenta, houve uma exploração comercial massificada do sertanejo, somado, em certos casos, à uma releitura de sucessos internacionais e mesmo da Jovem Guarda. Dessa nova tendência romântica da música sertaneja surgiram inúmeros artistas, quase sempre em duplas, entre os quais, Milionário e José Rico (que também teve grande destaque e acensão), Trio Parada Dura, Chitãozinho & Xororó, Matogrosso & Mathias, Leandro & Leonardo, Zezé Di Camargo e Luciano, Chrystian & Ralf, João Paulo & Daniel, Chico Rey & Paraná, João Mineiro e Marciano, Gian e Giovani, Rick & Renner, Gilberto e Gilmar, além das cantoras Nalva Aguiar e Roberta Miranda. Alguns dos sucessos desta fase estão "Sonhei Com Você", de José Rico e Vicente Dias, "Fio de Cabelo", de Marciano e Darci Rossi, "Apartamento 37", de Leo Canhoto, "De Igual Pra Igual", de Roberta Miranda e Matogrosso,"Pense em Mim", de Douglas Maio, "Entre Tapas e Beijos", de Nilton Lamas e Antonio Bueno, "É o Amor", de Zezé Di Camargo e "Evidências", de José Augusto e Paulo Sérgio Valle.
Houve uma crescente influência da música country norte-americana e da estética cowboy, observada nas suas vestimentas características e também no maior interesse pelas festas de rodeio e feiras agropecuárias, palcos para os novos cantores.[5]
Contra esta tendência mais comercial da música sertaneja, reapareciam nomes como da dupla Pena Branca e Xavantinho, adequando sucessos da MPB à linguagem das violas, e surgiam novos artistas como Almir Sater, violeiro sofisticado, que passeava entre as modas de viola e os blues. Na década seguinte, uma nova geração de artistas surgiu dentro do sertanejo disposta a se reaproximar das tradições caipiras, como Roberto Corrêa, Ivan Vilela, eMiltinho Edilberto